sábado, 6 de julho de 2013

Diagnóstico da Doença de Alzheimer e o Mini-Exame do Estado Mental

Por: Bruna Coêlho

O Mal de Alzheimer é, em geral, diagnosticado por meio do histórico do paciente – o qual inclui seus sintomas (início e duração), idade, gênero, profissão, histórico médico precedente, uso de medicamento e drogas, histórico familiar e social –, das observações de familiares e dos resultados dos exames neurológicos e neuropsicológicos – que incluem a avaliação para se determinar outras possíveis condições clínicas condizentes com outros tipos de demências.
Existem diversas técnicas de avaliações neurológicas e neuropsicológicas para o Alzheimer, em particular, e para outros tipos de demências, no geral. A detecção dos sintomas iniciais de demência é difícil de ser feita, tanto pelo próprio paciente quanto pelos familiares, dificultando a comunicação de informações precisas ao médico em avaliações cognitivas. Entretanto, outros tipos de exames detectam alterações características de demências ainda antes do aparecimento de qualquer sintoma.
A análise de biomarcadores no líquido cefalorraquidiano e os exames de imagem são técnicas diagnósticas promissoras na prática clínica, sendo alvos de constantes pesquisas para seu aprimoramento, permitindo uma maior confiabilidade e especificidade dos exames. Exames de sangue também têm sido estudados e já apresentam resultados animadores. É importante ressaltar que, no diagnóstico da Doença de Alzheimer, não é utilizada somente uma técnica, mas várias em conjunto, a fim de se estabelecer um diagnóstico mais confiável. Todas essas técnicas serão abordadas em maiores detalhes no blog.
No post de hoje, abordaremos o Mini-Exame do Estado Mental (MMSE, em inglês). O MMSE é um questionário de 30 pontos usado para estimar a presença e a severidade (quando presente) de déficit cognitivo em pacientes avaliados para investigação de quadros de demência. É ainda utilizado para o acompanhamento da variação da cognição em um indivíduo ao longo do tempo, bem como para avaliar a resposta do paciente ao tratamento. É válido lembrar que esse exame é apenas uma das ferramentas para o diagnóstico de demência e, particularmente, de Alzheimer, e que será usado juntamente com os resultados de outros testes.
O questionário funciona com base em um sistema de pontuação, segundo a qual respostas certas (ou correto atendimento a comandos) pontuam positivamente, e a pontuação máxima corresponde a 30 pontos. Ele avalia diferentes habilidades mentais, entre elas memória, atenção, linguagem, orientação, repetição e habilidades motoras básicas.
PENTAGONOS
O ponto de corte da pontuação (abaixo da qual o paciente é diagnosticado como tendo algum déficit cognitivo) é variável de acordo com vários aspectos, como escolaridade, cultura e dificuldades auditivas, mas, em geral, está entre 25 e 27 pontos.
É necessário notar que a avaliação dos resultados do teste por parte do examinador é fundamental para o diagnóstico. Por exemplo, o paciente pode não conseguir escutar ou ler instruções devidamente, ou ter um déficit motor que afete habilidades de escrita e desenho, e ter seu exame afetado por tais características. Da mesma forma, não se deve esquecer que cada paciente tem suas peculiaridades, e pontuações máximas não podem excluir a possibilidade de presença de demência, bem como pontuações muito baixas, apesar de serem relacionadas aos sintomas de demência, podem ser devidas a outras desordens mentais.
O MMSE também pode ter utilidade para diferenciar tipos de demência, uma vez que, segundo estudos, pacientes com Alzheimer pontuam significativamente menos em questões relacionadas à orientação temporal e espacial e à recordação se comparado com pacientes acometidos por outros tipos de demência.
O MMSE é também uma das ferramentas consideradas pelos médicos na decisão dos medicamentos a serem usados no tratamento de um paciente com demência. A severidade da demência de uma pessoa avaliada com o teste em questão dá uma indicação de que drogas trarão maiores benefícios. Recomendações quanto a que drogas podem ser usadas para cada estágio foram publicadas pelo National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE).
Seu guia publicado em 2011 recomenda que, para pacientes com Alzheimer de leve a moderado (pontuação no MMSE de 10 a 26), sejam considerados tratamentos com donepezil (Aricept), rivastigmina (Exelon) ou galantamina (Reminyl). Já para pacientes com Alzheimer severo (pontuação menor que 10), e para alguns com nível moderado da doença (pontuação entre 10 e 20), recomenda o uso de memantina (Ebixa).
É importante lembrar que o MMSE é apenas uma ferramenta no diagnóstico do Alzheimer, e não é utilizado como único recurso para seu diagnóstico ou para a prescrição de tratamentos.
Nos próximos posts sobre o diagnóstico de Alzheimer serão abordados outros exames utilizados para a avaliação de pacientes com risco ou suspeita da doença. Diferentes métodos exercem diferentes papéis em tal avaliação, e será dado enfoque para sua importância, bem como para sua correlação bioquímica com o Mal de Alzheimer.

Bibliografia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alzheimer%27s_disease#Diagnosis
http://en.wikipedia.org/wiki/Neurological_examination
http://www.alzheimers.org.uk/site/scripts/documents_info.php?documentID=121

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